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Periferia emancipada é cidade enraizada.

Periferia emancipada é cidade enraizada.

Criar novas centralidades urbanas significa na prática incrementar áreas na cidade, seja através de investimentos públicos e privados ou através da otimização de infraestruturas.  Propulsores da economia, muda os bairros periféricos transformando-os em pequenos centros urbanos dinâmicos e prósperos.

Nessa dinâmica, é natural a valorização das áreas. Os imóveis sobem de valor e então a população mais pobre transita sob uma certa pressão, para outras áreas mais distantes e mais desassistidas, dando continuidade ao ciclo de escassez e falta de oportunidades.

Ora, mas criar novos centros deveria beneficiar aos moradores locais, principalmente os mais necessitados. Romper o ciclo de êxodo de populações mais pobres é um desafio. Mesmo havendo legislações especiais, como as ZEIS, o que acontece é um recorte nesse território, da zona que preserva essa população originária, versus a opressão do mercado imobiliário que sempre tende a gentrificar: modelar novas áreas dentro de um novo padrão de consumo do “morar bem”.

Como então promover periferias a centralidades dinâmicas e prósperas sem que isso ameace os moradores originais? A imunidade vem a partir de uma comunidade fortalecida, que tem poder decisório sobre o território, e que reconhece que os seus valores históricos culturais devem permanecer impressos na formação física do bairro.

A periferia (aqui no sentido cultural) nunca deve ser o espelho das zonas mais privilegiadas. Há um prejuízo muito grande nessa reprodução de formatos. Até mesmo porque uma cidade ideal é uma cidade heterogênea no seu desenho, funcionalidades e culturas locais. A emancipação da periferia está muito mais atrelada a sua conexão com suas raízes, do que a uma promoção de “status” de bairro. Manter a população local e principalmente beneficiá-las e assisti-las diretamente com as melhorias urbanas deve ser a prioridade das políticas públicas urbanas e dos movimentos sociais e entendida como uma forma de resguardar a cultura e história do local. É o caminho para a equidade que beneficiando toda a cidade.

Laura Rios

laura@creatorearquitetura.com.br

Arquiteta e Co-idealizadora do Projeto Estar Urbano

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