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A ação disruptiva e a ação radical

A ação disruptiva e a ação radical

Tenho muito ouvido falar nesses últimos anos, principalmente em período de pandemia, sobre o “disruptivo”. Políticas disruptivas, inovação disruptiva, pensamento disruptivo, como se essa fosse a direção irremediável das coisas. E assim tem se apresentado então, como resposta a uma necessidade de reinvenção para se tornar viável a vida. O disruptivo significa o romper, separar de algo. Essa palavra nos contextos atuais, traz força da renegação dos modos de viver operante, estabelecendo uma visão mais unificada e globalista de um novo modo ideal de viver. 

 É interessante pensar, no que está do outro lado disso. O oposto do romper é o conectar, enraizar-se. No sentido mais bonito da palavra radical: ser pertencente à raiz ou à origem; original. Pensar de forma ruptiva, é o não romper os processos naturais das coisas. A inovação por exemplo, pode ser ruptiva, uma vez que eclode de dentro para fora e no tempo certo. Para isso é preciso respeitar os percursos da vida e quando necessário, voltar os olhos às origens. Não há estagnação quando se compreender que o espaço de tempo e acontecimentos que te distancia das raízes ou origens, é também o espaço que te conecta. Isso é sobre a nossa linha de evolução verdadeira. 

Em tempos em tempos a “renovação” é reivindicada em todos os lugares do mundo. Mas é preciso se ter muito cuidado em diferenciar os agentes indutores das mudanças. Se os agentes são artificializados, numa intenção mercadológica, passam a inventar o novo, para assim despertar novos desejos de consumo. Mas se os agentes no caso, são de fato aqueles que percebem o fluxo natural da mudança, esses sabem do tempo de maturidade que as coisas necessitam para eclodir. Afinal, um ovo quebrado antes da hora, perde seu propósito. 

Nascer, morrer e renovar é uma prerrogativa da natureza, necessária para a perpetuação da vida. Assim como as mudanças de polaridades, tudo se trata de um equilíbrio de forças. E por isso, que em tempos de rupturas, devemos ater também para as tradições que desejamos preservar, sem nenhuma crise paradoxal. E principalmente, o ponto que considero mais relevante, se ater sobre o epicentro do movimento de ruptura, que pode também nos deixar a deriva por um tempo, numa sensação de perdição. Mas uma vez ciente do movimento, a segurança pode ser restaurada, mesmo em meio a tantas incertezas. 

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